Your Certification is About to Expire

Esta semana recebi um email da Scrum Alliance (SA) com o título “Your Certification is About to Expire”.

Fui verificar a validade das minhas certificações e reparei que estavam realmente a expirar.

Eu detenho quatro certificações da Scrum Alliance: Certified Scrum Developer (CSD), Certified ScrumMaster (CSM), Certified Scrum Product Owner (CSPO) e Certified Scrum Professional (CSP).

Olhando para o histórico de pagamentos, apercebi-me que sou certificado pela SA desde 2011.

Entre certificações e renovações já gastei mais de 4000 euros.

Todas as certificações foram pagas por mim porque acredito que antes das empresas apostarem nas suas pessoas acho que as pessoas devem apostar em si mesmas. Não quero com isto dizer que as empresas não devem investir nas suas pessoas… mas a verdade é que se nós não investirmos em nós… quem investirá?
Quem deve gerir a nossa carreira? Nós? Ou a nossa empresa? Eu acredito que nós.

Voltando ao assunto deste post… qual é o valor das certificações da SA? Qual é o valor de qualquer certificação de Agile ou Scrum? Qual é o valor de qualquer certificação?
Recordo-me que há algum tempo atrás o PMP (do PMI – Project Management Institute) era muito valorizado… e olhando para os dias de hoje acredito que perdeu muito da sua importância.

Eu acredito que a obtenção de certificações (até um certo ponto) trazem valor às pessoas… mas duvido muito do valor que traz as renovações.
Porque é que eu tenho de pagar 250 dólares de 2 em 2 anos para manter as certificações da SA que tanto me custaram (tempo, dedicação, esforço e dinheiro) obter?
Será que só pagando 250 dólares manterei o conhecimento? Então se não pagar e as deixar expirar? Será que perco todo o conhecimento (acumulado desde 2010/2011) de um dia para o outro?
E não é só a SA que faz isto… o PMI (e tantas outras) também cobra as renovações das suas certificações.

Vou vos dizer o que vou fazer: vou deixar expirar as minhas certificações. Até posso acreditar no valor da obtenção das certificações… mas não acredito na mais-valia de manter os disticos da SA.

Assim sendo, a partir de 18 de Outubro de 2017, deixarei de ser CSP (pelo menos aos olhos da SA).

As restantes certificações também irão expirar, no seu prazo devido, porque não as irei renovar.

Esta decisão não se prende por causa do valor da renovação em si, mas sim por achar abusivo este “esquema” de financiamento através de renovações de certificações.

Duas notas para a Scrum Alliance:
1 – Acho “piada” o CSD, o CSM e o CSPO não estarem abranguidos, até à data, pelos SEUs (Scrum Educational Units). Apenas o CSP está. Isto quer dizer que desde que as pessoas paguem 100 dólares de 2 em 2 anos a Scrum Alliance atesta que as pessoas têm conhecimento de Scrum. Podemos deduzir então que quem tem 100 dólares para pagar à SA tem conhecimentos de Scrum… e quem não tem 100 dólares para pagar não tem conhecimentos de Scrum;
2 – A Scrum.org não expira as suas certificações… fica aqui a dica. 😉

Até para a semana.

CSM e CSPO

Já está!

Depois de fazer 2 testes online já posso actualizar o meu perfil no Linkedin com as certificações Certified Scrum Master (CSM) e Certified Scrum Product Owner (CSPO).

Como já tinha dito aqui, fiz ambos os cursos em Lisboa com o Mitch Lacey. E posso dizer que ia com as minhas expectativas elevadas e não foram nada defraudadas!

Os cursos são excelentes, de apenas 2 dias, onde o Mitch Lacey teve oportunidade de mostrar porque é que é considerado um dos grandes experts de Scrum da actualidade.

Não hesitava em fazer os cursos novamente, pois são mesmo excelentes. Só pecam por ser apenas 2 dias cada. Há tanto para falar e tantas experiências para trocar com o Mitch que não tenho dúvida em dizer que toda a gente ficou com pena quando chegamos ao fim dos cursos.

Recomendo os cursos, principalmente se forem dados pelo Mitch.

Fiquei surpreendido quando percebi que não fui o único a fazer os 2 cursos seguidos. Tornou-se, inclusivamente, uma agradável surpresa perceber que o interesse por Scrum em Portugal tem vindo a aumentar consideravelmente.

O curso de CSM permitiu-me tirar todas as dúvidas que tinha relativamente a ser-se um bom Scrum Master bem como estudar a melhor solução para aplicar o Scrum no meu trabalho.

No CSPO como não é a minha principal actividade não tinha grandes dúvidas para tirar mas o curso serviu para abrir os olhos e olhar para o Scrum de uma perspectiva diferente, sob o olhar do cliente.

Por fim posso dizer que tive o privilégio de assistir ao Mitch e ao Pedro (pessoa impecável e com desafios semelhantes aos meus) a fazerem flexões. O ponto que o Mitch queria mostrar é que um dos valores do AGILE é o respeito e não se respeita uma equipa quando se chega atrasado (que foi o caso do Pedro).

Mal posso esperar para fazer mais cursos com o Mitch e sobre Scrum.

P.S: Pedro, a resposta é sprints de 1 semana ou Kanban. Vai para a primeira hipótese que é o que eu vou fazer. 🙂

Até para a semana.

ScrumMaster

Hoje venho-vos falar de uma certificação que, admito, até à bem pouco tempo desconhecia.

O ScrumMaster é a certificação da Scrum Alliance para gestores / responsáveis de projecto.

O Scrum, como alguns de vocês sabem, é uma framework para o desenvolvimento de software segundo a metodologia AGILE.

O princípio por detrás do Scrum é a iteratividade, ou seja, defende o maior numero possível de iterações (sprints) / repetições dentro de um projecto de modo a garantir que um determinado desenvolvimento tem a constante intervenção de todos os stakeholders do projecto procurando que o resultado final surja de forma rápida e o mais aproximado possível das expectativas dos clientes.

Nesta framework são defendidas diariamente:
– reuniões de status da equipa de projecto;
– reuniões de status das sub-equipas de projecto.

E não diariamente mas frequentemente:
– reuniões de planeamento;
– revisões do trabalho efectuado e por efectuar;
– reflexão sobre a reunião de planeamento anterior.

Os artefactos contemplados no Scrum são:
– Product backlog, ou seja, o documento principal do projecto;
– Sprint backlog, que como o seu nome indica é o documento de uma iteração;
– Burn down chart, informação gráfica do trabalho remanescente de uma iteração (sprint).

Existem várias defensores desta framework na medida em que é o completo oposto do velhinho / clássico waterfall model. Pessoalmente é algo que me agrada bastante até porque testemunhei com os meus próprios olhos um projecto completamente arruinado devido ao waterfall model. Por causa de esta experiência passada com sabor agridoce (amargo porque ninguém gosta de participar num projecto falhado e doce porque é com estes projectos que mais aprendemos) sou um defensor intransigente de iterações e auto-estradas de comunicação entre stakeholders.

Até para a semana.

IPMA

O IPMA, tal como o PMI, poderá ser definido como uma organização de standards de gestão de projecto. Fundada primeiro que o PMI, o IPMA tem representação em praticamente todos os países europeus. Apesar deste facto, o PMI é amplamente mais conhecido (diferente de reconhecido) do que o IPMA.

No IPMA existem 4 níveis de certificação:
A – director de projectos;
B – gestor de projectos sénior;
C – gestor de projectos, equivalente ao PMP;
D – participante em projectos, equivalente ao CAPM.

Para além de algumas semelhanças, a verdade é que existem também várias diferenças. A diferença que mais me agrada e que torna (na minha opinião) o IPMA bastante mais sério e credível do que o PMI é que o IPMA não certifica ninguém sem passar no exame “da praxe” e sem uma entrevista pessoal onde o candidato tem que efectivamente comprovar que cumpre com os requisitos mínimos para a certificação que procura obter. Isto quer dizer que o IPMA assegura-se que todos os candidatos estão elegíveis para o respectivo certificado. Como vocês sabem no PMP apenas necessitamos de declarar que temos a experiência devida e a educação exigida e com um pouco de sorte não somos auditados, pois o PMI apenas audita um certo número de candidatos de forma aleatória.

Long story short, ambas tem um documento com todas as suas linhas de pensamento (PMBok no caso do PMI e NCB – National Competence Baseline no caso do IPMA) e ambas exigem a aprovação num exame. O que distingue verdadeiramente estas duas organizações:
1 – O PMI e o PMP são mais populares do que o IPMA e os seus níveis, embora a nível de reconhecimento dentro do mundo da gestão de projecto estão ao mesmo nível e possivelmente até existirá uma pequena vantagem para o IPMA;
2 – Ter um IPMA nível C significa que efectivamente a pessoa tem a experiência que alega ter;
3 – A certificação do IPMA é valida por 5 anos e a do PMI apenas por 3;
4 – A “bíblia” do IPMA (o NCB) é adaptado à realidade de cada país, pois o NCB é uma derivação do ICB – IPMA Competence Baseline enquanto que o PMBoK é global.

O IPMA inclusivamente tem uma característica que me agrada, que é a humildade, pois reconhece que o PMBoK e o NBC são de tal forma semelhantes que uma pessoa detentora de um PMP está dispensada do exame do IPMA. Mas não se enganem! Mesmo dispensados do exame os candidatos terão de ir à entrevista provar a sua experiência e os seus méritos. Já quem tem o nível C do IPMA terá de fazer na mesma o exame do PMP.

Claramente dou um “thumbs up” ao IPMA e um “thumbs down” ao PMI.

Agora com estes dados o que eu vos recomendo a nível de rentabilidade dos vossos neurónios é: Fazer a certificação do PMP e depois fazer a do IPMA nível C. Desta forma apenas fazem um exame (o do PMP) e a restante parte do IPMA (entrevista pessoal) para serem certificados. Creio que é a forma mais inteligente de se obter estas duas prestigiantes certificações sem terem de se sujeitar a 2 exames de cerca de 3 horas.

Até para a semana.

conhecimento e competência

Por hobby, curiosidade mórbida e também para avaliar os “requisitos” do mercado de trabalho gosto de ler anúncios de emprego.

Tal como já tinha referido aqui cerca de 90% dos anúncios de emprego de gestão de projecto fazem referência à certificação PMP, como requisito ou como nice-to-have.

Tive oportunidade de discutir com um colega, o Rui, que efectivamente e ao contrário do que muita gente possa pensar, o PMP é uma certificação de conhecimento e não de competência. O que me leva às seguintes questões:

Será que as organizações estão ao corrente deste facto? Julgo que não. Se soubessem desta realidade será que o PMP teria assim tanto valor? Não creio. Existirão assim tantas empresas que efectivamente seguem as práticas defendidas no PMBoK para necessitarem de gestores de projecto com certificação PMP? Tenho dúvidas.

A verdade é que o PMP apenas “diz” que uma pessoa tem conhecimentos sobre o PMBoK. Não constata que essa pessoa seja competente enquanto gestor de projectos. Reparem que uma pessoa pode saber imenso sobre um assunto na teoria e não o conseguir usar na prática. Já se diz em Portugal à muitos anos que quem sabe pratica e quem não sabe ensina, fazendo uma clara alusão de que efectivamente saber a teoria não é por si só uma garantia que sejamos competentes e eficientes quando passamos à prática.

Assim sendo reflicto nas seguintes questões:

Será que o PMP é uma certificação que dê as garantias que as empresas procuram? Seguramente não.

Um gestor de projectos PMP certified será um melhor de gestor de projectos? Claramente não.

O PMP garante que uma pessoa tenha um vasto conhecimento do PMBoK? Sem dúvida. (Desde que a pessoa em causa não tenha estudado pelo famoso livro da Rita Mulcahy que ensina a passar ao exame PMBoK e não ensina o PMBoK propriamente dito).

Com este post espero ter tornado claro que uma certificação de conhecimento não é uma certificação de competência. Existe uma grande diferença entre se ter um conhecimento numa determinada área e ser-se competente nessa mesma área. A competência meus caros, apenas se tem através da experiência profissional. E na minha opinião não há
certificação que valha mais do que um bom CV.

Não excluo, contudo, a hipótese de me certificar PMP. Inclusivamente reconheço que me tornar mais sexy no mercado do trabalho. Mas é só isso, uma questão de “sex-appeal” e não de competência.

Até para a semana.

requisitos pmp

Já aqui falei sobre a certificação do pmi, o pmp.

O que hoje vos venho falar é algo grave, ou melhor, muito grave.

Sem dúvida que o PMBoK é um manual muito interessante e que a certificação PMP também. E o que eu tenho visto ultrapassa todos os limites da honestidade e seriedade.

O primeiro caso que vos venho falar é sobre os anúncios de emprego que pedem gestores de projecto com 2 anos de experiência e com a certificação PMP. Ora um dos requisitos da certificação PMP é ter-se no mínimo 3 anos de experiência em gestão de projecto, o que quer dizer que este anuncio demonstra uma de duas coisas:

1 – Ignorância total de quem procura os candidatos;

2 – Total alinhamento e concordância com as “trafulhices” que muitos gestores de projecto fazem a candidatarem-se e a obterem uma certificação para a qual não estão habilitados.

O segundo caso que tenho para contar é que eu efectivamente conheço colegas que fizeram a “trafulhice” descrita no ponto 2. Não quero tirar o mérito a quem conseguiu obter a certificação PMP, mas se não estamos elegíveis para a obter estamos no mínimo a por em causa toda a qualidade que era suposto o PMP conferir.

E agora tendo em conta estes 2 casos o que pensar do PMP? É efectivamente uma mais valia? É só para Inglês ver? Pois eu também não tenho a resposta para estas perguntas mas posso-vos garantir que, para já, ainda estou interessado em obter a certificação assim que completar os 3 anos de experiência de gestão de projecto (já falta pouco!). Embora se começar a ter conhecimento de mais episódios destes não sei até que ponto irei manter o interesse.

Acima de tudo não deixa de ser triste saber que, para variar, há pessoas a quebrarem regras para proveito próprio e colocando toda uma certificação em causa de forma (mais ou menos) ingénua.

Até para a semana.

bom senso

Já falei aqui de algumas metodologias de gestão de projecto, tal como o PMBoK e o PRINCE2.

E o que eu gostava de frisar neste post é que apesar destas metodologias ensinarem-nos imenso, não tem comparação possível com a experiência do dia-a-dia.

Eu gosto de comparar o PMBoK e o PRINCE2 à carta de condução. Estudamos, fazemos o exame e no fim recebemos um certificado que estamos aptos a conduzir (tal como quando fazemos uma certificação no PMBoK ou PRINCE2). Mas será que a partir do momento em que estamos “certificados” estamos prontos para sermos gestores de projecto? Creio que não. Eu quando tirei a carta era uma nulidade a conduzir, e apenas aprendi realmente a conduzir quando tive de enfrentar a estrada sem ter o instrutor ao lado.

Com as metodologias é a mesmíssima coisa. Temos um certificado mas estamos longe de sermos gestores de projecto.

Só a experiência e a vivência vai fazer de nós gestores de projecto. E durante esse tempo todo uma característica pessoal tem de prevalecer, o bom senso.

O bom senso serve para utilizarmos tudo aquilo que aprendemos nos livros e perceber o que é aplicável e exequível e o que não é. Tal como já falei aqui, não podemos seguir à risca todas as recomendações das metodologias ou iríamos cair no erro do projecto ter mais gestão do que propriamente execução. O core de um projecto é a sua execução e a gestão desse mesmo projecto nunca deverá ser uma tarefa maior do que o real tempo do projecto.

Tenham isso em mente porque a gestão é algo para beneficiar um projecto e não o projecto em si.

Até para a semana.