Cada vez mais considera-se uma boa prática desenvolver soluções escaláveis, que possam crescer no futuro e que consigam ir ao encontro das necessidades do cliente daqui a, salvo a expressão, 100 anos.
O problema desta abordagem, desta tendência de tentar “adivinhar” as necessidades do cliente no futuro, é poder muito facilmente deixar de ser uma boa prática para se transformar num autêntico elefante branco.
Temos a responsabilidade e obrigação de perceber que se o cliente, por exemplo, quer uma página web com uma tabela talvez faça mais sentido efectivamente fazermos uma tabela em HTML que demora 1 hora a ser feita (ou coisa que o valha) do que desenvolvermos um backoffice com base de dados e com um editor de conteúdos que permita a inserção de tabelas pré-formatadas.
Afinal que pretende o cliente? Uma página com uma tabela ou uma super aplicação que daqui a “100 anos” ainda estará usável e irá permitir ao cliente mudar a tabela sem a nossa intervenção?
E o tempo de desenvolvimento? 1 hora de trabalho versus 1 semana ou 2?
E alguém perguntou ao cliente se ele efectivamente precisava de uma solução tão escalável?
Então e o time-to-market do cliente? Alguém preocupa-se com isso?
Qual é o tempo de vida do produto (neste caso da página web com a tabela)? Se para o ano o cliente pode já não precisar dela? Então possivelmente fará sentido uma abordagem mais simples…
Alterações? Será que o cliente vai fazer ou nem por isso?
Nos dias de hoje todos caímos na tentação de seguir excelentes práticas de construção de produto esquecendo-nos por vezes das reais necessidades do cliente.
O óptimo sempre foi, e sempre será, inimigo do bom e como já escrevi aqui várias vezes, superar as expectativas do cliente é entregar exactamente aquilo que ele pediu e não “inventar” necessidades que na realidade não existem.
Grande parte de nós gostaria de ter um ferrari, mas na verdade um fiat punto (que também é um carro italiano) é tão eficiente nas ruas da baixa lisboeta como é o topo de gama que ostenta um cavalo rampante.
Até para a semana.