bom senso

Já falei aqui de algumas metodologias de gestão de projecto, tal como o PMBoK e o PRINCE2.

E o que eu gostava de frisar neste post é que apesar destas metodologias ensinarem-nos imenso, não tem comparação possível com a experiência do dia-a-dia.

Eu gosto de comparar o PMBoK e o PRINCE2 à carta de condução. Estudamos, fazemos o exame e no fim recebemos um certificado que estamos aptos a conduzir (tal como quando fazemos uma certificação no PMBoK ou PRINCE2). Mas será que a partir do momento em que estamos “certificados” estamos prontos para sermos gestores de projecto? Creio que não. Eu quando tirei a carta era uma nulidade a conduzir, e apenas aprendi realmente a conduzir quando tive de enfrentar a estrada sem ter o instrutor ao lado.

Com as metodologias é a mesmíssima coisa. Temos um certificado mas estamos longe de sermos gestores de projecto.

Só a experiência e a vivência vai fazer de nós gestores de projecto. E durante esse tempo todo uma característica pessoal tem de prevalecer, o bom senso.

O bom senso serve para utilizarmos tudo aquilo que aprendemos nos livros e perceber o que é aplicável e exequível e o que não é. Tal como já falei aqui, não podemos seguir à risca todas as recomendações das metodologias ou iríamos cair no erro do projecto ter mais gestão do que propriamente execução. O core de um projecto é a sua execução e a gestão desse mesmo projecto nunca deverá ser uma tarefa maior do que o real tempo do projecto.

Tenham isso em mente porque a gestão é algo para beneficiar um projecto e não o projecto em si.

Até para a semana.

certificações

Após uma apresentação das duas metodologias mais conhecidas, passo agora a expor as respectivas certificações.

As certificações do PMI (PMBoK) são:

CAPM – Certified Associate in Project Management:

Certificação de contribuição para a equipa de projecto. Por ser este o objectivo desta certificação, na minha opinião, interessa muito pouco. Apenas demonstra que somos uma parte activa/participativa da equipa de projecto. Não oferece garantias nenhumas para a gestão de projecto em si, apesar da pessoa ter de se familiarizar com o PMBoK.

Para obter esta certificação é necessário um exame de escolha múltipla (duração de 3 horas com 150 perguntas).

Preço do exame é de 300 dólares.

Necessário renovar ao final de 5 anos.

Exige 1500 horas de experiência.

Conclusão: Não gera valor acrescentado para quem quer gerir projectos. Na minha opinião faz mais sentido apostar no PMP, embora seja necessário cumprir os requisitos de elegibilidade para o exame (que são bastante mais exigentes dos que os do CAPM). Só poderá ser interessante se a pessoa quiser estudar e testar os seus conhecimentos do PMBoK.

PMP – Project Management Professional:

Certificação de gestão de projecto. É a certificação por excelência do PMI. É uma certificação aceite e reconhecida a nível mundial e que trás um enorme peso ao nosso CV. Qualquer pessoa que queira vingar na área da gestão de projecto deve planear obter esta certificação. Mas não é fácil visto para sermos elegíveis para esta certificação termos de ter 5 anos de experiência como gestor de projecto (no caso de termos apenas concluído o 12º ano) ou 3 anos de experiência (no caso de termos um diploma universitário).

Para obter esta certificação é necessário um exame de escolha múltipla (duração de 4 horas com 200 perguntas).

Preço do exame é de 555 dólares.

Necessário renovar ao final de 3 anos através da obtenção de 60 PDUs (podem consultar o site do PMI para se inteirarem deste sistema complexo de renovação).

Exige 3 anos de experiência + 35 horas de aulas.

Hoje em dia é possível realizar os exames do PMI em território Português.

Nota: Existem mais 3 certificações do PMI (PMI-SP, PMI-RMP e PgMP), mas nos casos do PMI-SP e PMI-RMP são englobados pelo PMP e o PgMP está mais orientado para gestão de “programas”, ou seja, gestão de gestão de projectos e/ou gestão de produtos. Basicamente é um nível acima da gestão de projecto.

As certificações de PRINCE2 são:

The PRINCE2 Foundation exam:

Semelhante ao CAPM do PMBoK em termos de objectivos, ou seja, apenas atesta conhecimentos de PRINCE2. Não dota a pessoa de know-how para a gestão de projecto.

O exame é de escolha múltipla com duração de 1 hora. Tem 75 questões das quais 38 terão de estar correctas para obtermos a certificação.

O preço do exame é de £200.

Não é necessário renovar.
The PRINCE2 Practitioner exam:

Certificação ao nível do PMP. Esta é a certificação para atestar as competências de um Gestor de projecto na metodologia PRINCE2. Ao contrário do PMP, para fazermos o Practitioner exam temos obrigatoriamente de ter passado no Foundation exam. Isto quer dizer que para termos a principal certificação do PRINCE2 temos de fazer 2 exames.

O exame tem apenas 9 perguntas que simulam vários cenários. Cada pergunta vale 40 pontos. É necessário obter-se pelo menos 180 pontos de 360 possíveis para se obter a certificação. A duração do exame é de 3 horas. Ao contrário de qualquer certificação até aqui falada, neste exame é possível e recomendável a consulta ao manual do PRINCE2.

O preço do exame é de £370.

É necessário ser renovado de 5 em 5 anos (ficamos certificados por um período de tempo mais alargado do que o do PMP).

Chamo a vossa atenção para o facto que os exames do PRINCE2 apenas serem realizados em Inglaterra ou nos consulados Ingleses. Também é de realçar que as certificações do PRINCE2 não exigem experiência (ao contrário das certificações do PMI).

Tendo em conta o que vos acabei de expor, cabe a cada um de vocês decidir que tipo de certificação pretendem e que rumo querem seguir (PRINCE2, PMBoK ou ambos). No meu caso vou aguardar até ficar elegível para o PMP, visto não acreditar que o CAPM seja uma mais valia a nível curricular. Acho que em Portugal o PMBoK é bastante mais aceite que o PRINCE2 e por este facto não penso em tirar nenhuma certificação dos nossos amigos Ingleses.

Espero ter-vos elucidado um pouco sobre este tema extenso que é as certificações no mundo da gestão de projecto.

Até para a semana.

PRINCE2

Projects in Controlled Environments (PRINCE) é a metodologia que o Office of Government Commerce (OGC) recomenda para a gestão de projectos.

Chama-se PRINCE2 devido ao facto da sua versão mais actual ser a segunda (2).

Foi criado em 1989 (2 anos depois do PMBoK), e a sua última versão (a segunda) data de 1996.

Apesar do PRINCE2 ser reconhecido mundialmente, sou da opinião que no mercado Europeu o PMBoK tem bastante mais peso do que o seu rival.

Tal como já expliquei num post anterior, o PRINCE2 é utilizado maioritariamente no Reino Unido. Sendo o PMBoK mais aceite nos restantes países da União Europeia.

O PRINCE2 assenta numa framework. E tal como o PMBoK, é orientado ao processo, identificando 45 sub-processos agrupados em 8 processos principais:

– Arranque do projecto;

– Planeamento do projecto;

– Iniciação do projecto;

– Dirigir (Directing) o projecto;

– Controle de etapas (stages);

– Gestão da entrega de produtos;

– Gestão de etapas;

A direcção do projecto é um processo transversal a todo o projecto, isto quer dizer que acompanha todo tempo de vida do projecto.

O planeamento do projecto está presente na iniciação do projecto e no controle e gestão de etapas.

O PRINCE2 é bastante diferente do PMBoK, pois se o objectivo do PMBoK é fornecer uma linha de orientação ao gestor de projecto, já o objectivo do PRINCE2 é guiar o gestor de projecto durante cada projecto. Isto quer dizer que o PRINCE2 é bastante mais do que simples best pratices, aproximando-se bastante a um “manual de instruções”.

Não existe ninguém capaz de apresentar factos que comprovem que o PMBoK é melhor ou pior que o PRINCE2. São duas metodologias para o mesmo fim, a gestão de projectos. Cabe a cada organização optar pela metodologia que mais lhe convém, pois a realidade de cada empresa é única.

Desta forma dou por encerrado o overview geral do PRINCE2.

Em breve irei falar das certificações existentes para estas duas metodologias.

Até para a semana.

métodos de gestão de projecto

Sem dúvida que os 2 métodos de gestão de projecto mais populares no momento são o PRINCE2 e o PMBOK.

Tanto o PRINCE2 como o PMBOK são métodos (ou best practices) que procuram a correcta gestão de um projecto durante o seu ciclo de vida.

De uma forma simplista, tanto um como outro, “ligam Porto a Lisboa”. Embora um seja através da A1 e o outro através da A8. O que pretendo mostrar é que existem 2 caminhos diferentes para chegar ao mesmo destino. Há quem prefira um, há quem prefira o outro. Embora ambos sirvam o mesmo objectivo, tal como o PMBOK e o PRINCE2.

O PMBOK é o método utilizado em praticamente toda a Europa.

O PRINCE2 é o método mais utilizado no Reino Unido.

O PRINCE 2 é como guiar à esquerda e como a libra (moeda), pois o Reino Unido tem “necessidade” de ser diferente em todas as áreas… até mesmo na gestão de projecto.

O PMBOK é propriedade do PMI (Project Management Institute) enquanto o PRINCE2 é propriedade do OGC (Office of Government Commerce).

São 2 métodos que procuro expor nos próximos 2 posts.

Não vou fazer nenhuma avaliação global dos métodos, apenas farei um resumo da abordagem de cada um dos métodos à gestão de projecto. A avaliação façam-na vocês, pois é uma avaliação com um elevado grau de subjectividade.

Até para a semana.