Agile is Dead :: Wrap-up

Ao fim de 4 apresentações do Agile is Dead (no Pixels Camp, no Aginext, no Agile Connect e no Viana Tech Meetups)… acho que vou dar um “descanço” à minha apresentação que maior sucesso e aceitação teve (se bem que ainda devo esta apresentação à comunidade da Netponto… por isso vamos ver se não haverá uma última apresentação).

A verdade é que este tema está cada vez mais atual que nunca.

Senão vejamos:

  • Vemos novas empresas a quererem começar o seu caminho ágil;
  • Vemos empresas que já faziam há bastante tempo a sua travessia  a voltarem a trás e a questionarem/repensarem o ágil;
  • Vemos consultores a auto proclamarem-se “transformational, organisational, enterprise, technical, lean, agile coaches” sem terem experiência relevante na área;
  • Continuamos com os mesmos trainers a amealharem milhares de euros por cada “curso” de 2 dias;
  • Vemos N vertentes de ágil a surgirem: quer sejam pelo desafio de escalar (exemplos: SAFe, LeSS) quer seja pelo desafio de fazer as coisas de forma diferente (exemplos: Agnostic Agile, Modern Agile);
  • Vemos implementações de Scrum, no mínimo, questionáveis em várias empresas;
  • Não vemos melhorias óbvias, evolução na comunidade (comunidade esta que apregoa a melhoria contínua);
  • Vemos poucas comunidades ativas de aficionados e praticantes ágeis (uma boa exceção a este cenário é a Agile Connect);
  • Vemos empresas a questionar o ágil quer seja porque têm/tiveram as pessoas erradas a liderar/dinamizar o movimento quer seja porque não tem paciência para esperar pelos resultados;
  • Vemos empresas a não obterem os resultados de delivery desejados e a “culpabilizarem” o ágil.

E o que devemos fazer perante isto?

As (poucas) respostas que tenho para dar são:

  • Voltar para/continuar a fazer waterfall não é solução;
  • As empresas têm que ser muito mais exigentes com quem contratam para os papéis de scrum master/agile coach/consultor;
  • Definam critérios de sucesso claros entorno da adoção do ágil;
  • Meçam os resultados obtidos (quantitativos e qualitativos);
  • Evitem febres, modas e caminhos “rápidos” ou “fáceis”.

E pronto… ao fim de 4 meses sem escrever no meu blog tinha de voltar com um post deste estilo. O meu objetivo não é, nem nunca foi, denegrir o ágil… mas sim aumentar o sentido de urgência para que façamos alguma coisa em relação ao seu status quo.

Até para a semana.

Agile is Dead :: Aginext London 2018

A segunda edição da conferência Aginext aconteceu, em Londres, nos passados dias 22 e 23 de Março.

Os keynotes foram do Dave Snowden (primeiro dia) e do Antony Marcano (segundo dia). Tanto uma apresentação como a outra foram muito insightful. O Dave explorou a entrada no mundo Agile por parte das McKinzeys e Gartners da vida e como isso irá afetar as “Agile boutiques”. O Antony explorou um novo conceito, que tem construído com Kent Beck (pai do eXtreme Programming), chamado eXplore, eXpand e eXtract.

Umas das talks que mais gostei foi sem dúvida a talk do Dan (KanbanDan) Brown: Scrum is from Mars, Kanban is from Venus. Cada vez mais estou convencido que (de uma forma genérica) o Kanban consegue ser mais eficiente do que o Scrum nas organizações.

Em termos de regular talks/workshops destaco alguns speakers que estiveram muito bem: Richard Atherton, Dean Latchana, Roy Marriott and Portia Tung (autora do livro “The Dream Team Nightmare: Boost Team Productivity Using Agile Techniques”), Andrew Spence (Agile em auditoria), Torbjörn Gyllebring e Toby Sinclair.

Os temas foram muito pertinentes e variados; falou-se do futuro do Agile com especial enfoque em Kanban, Coaching, Comunicação e Transformação ágil.

A minha talk “Agile is Dead” foi muito bem recebida e tive inclusivamente o privilégio de ter a Liz Keogh a tweetar sobre a minha talk.

agile is dead :: me on stage

 

Pouco depois da minha talk tive a honra de ser convidado para abrir o painel “Why Agile Transformations Fail” com o Dean Latchana.

Panel Debate - Why Agile Transformations Fail by Dean Latchana

Foi um evento muito muito bom. Parabéns ao David Gimelle e ao resto da equipa pela organização.

A comunidade ágil Inglesa (e não só visto terem estado várias pessoas da comunidade Alemã) é realmente muito interessada e dinâmica.

É engraçado que sempre que estou em Londres fico com nostalgia dos dias que vivi nesta cidade. 🙂

Até para a semana.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lean em engenharia de software

Como eu costumo contar nas minhas apresentações, comecei a minha navegação por mares ágeis em 2010. No começo dediquei muito tempo ao Scrum, depois ao Extreme Programming e finalmente ao Kanban. O scaling scrum nunca mereceu muito da minha atenção até porque em 2010 a única framework que existia de scaling scrum era o simples (mas extremamente eficiente) “Scrum of Scrums”… que até à data é a unica framework totalmente gratuita, sem cursos associados e sem livros escritos.

Lean sempre foi algo que me interessou minimamente mas não o suficiente para desviar a minha atenção do Agile. E ao contrário do que muitos escrevem, para mim Agile e Lean estão ao mesmo nível de grandeza, são dois mindsets, duas disciplinas independentes, não opostas, com uma zona comum. Aqui fica uma imagem (afinal vale mais do que mil palavras) do que eu acredito ser a “relação” entre Agile e Lean:

Ultimamente, talvez por ter começado a ser um entusiasta de SRE, DevOps e Operações, tenho focado a minha atenção mais em Lean e menos em Agile. E se antes achava que tinha uma boa ideia do que era Lean aplicado a Software engineering… só depois de ler:

  • “The Phoenix Project: A Novel about IT, DevOps, and Helping Your Business Win”;
  • “The DevOps Handbook:: How to Create World-Class Agility, Reliability, and Security in Technology Organizations”;
  • “Personal Kanban: Mapping Work | Navigating Life”.

é que realmente percebi como sabia bem menos de Lean do que achava.

Lean é extremamente poderoso e apaixonante. É uma ferramenta “diferente” do Agile mas que qualquer profissional de IT devia ter na sua toolbox.

Como eu acredito em walk the talk, eat your own dog food, lead by example, practice what you preach,  criei o meu personal kanban board com a ajuda desta ferramenta. Ao final de algumas semanas posso dizer que não só fiquei mais organizado, como tornei-me também menos ansioso. O poder da visualização e de limitar o trabalho em progresso (WIP) é realmente fantástico. 🙂

Até para a semana.

 

Aginext.io London Conference 2018

Soube esta semana que a minha talk Agile is Dead foi aceite para a conferência Aginext.io London Conference 2018.

Isto quer dizer que os meus planos de fazer um hiato em public speaking terão de ser adiados.

Esta conferência permite-me regressar à cidade onde já vivi (Brentford), onde já trabalhei (Sky UK) e onde já fiz também uma talk (Agile Tour London 2016).

A verdade é que guardo boas recordações de Londres e gosto sempre de regressar a esta cidade. Não há como beber uma boa pint num pub Inglês. 🙂

Até para a semana.

Agile is Dead :: Pixels Camp 2018

No mês passado fiz uma apresentação, no Pixels Camp, em Lisboa, entitulada “Agile is Dead“.

pixels camp 2017

É uma talk, polémica, bastante em linha com o “Unlearn your CSM“.

Tanto o Unlearn your CSM como o Agile is Dead explora o estado atual da Agile não só em Portugal mas no resto do mundo… fazendo uma crítica à forma como o Agile evoluiu e como tem sido adotado pelas empresas.

Acredito que hoje estamos muito longe dos principios e valores do Agile e isso é algo que me preocupa e me deixa triste / apreensivo em relação ao futuro das empresas e do desenvolvimento de software.

Como (not so much) fun fact… reparei que à medida que me fui focando nos “problemas” da agilidade dei por mim a ter cada vez menos vontade de fazer apresentações sobre Agile.

Neste momento estou bastante convicto que este foi o último ano que fiz apresentações sobre Agile… por isso quem me viu a fazer uma apresentação espero que tenha gostado… e quem não me viu a apresentar… sempre pode ver alguns dos meus videos aqui.

Não tenho dúvidas que recebi muito desta comunidade e acho que também contribuí bastante… paro numa altura de dever cumprido.

Creio que está na altura de dar espaço para outras pessoas se afirmarem neste espaço e que façam o Agile voltar às suas origens: “We are uncovering better ways of developing software by doing it and helping others do it“.

Deixo por fim uma recomendação às comunidades ágeis em Portugal: Sejam menos elitistas e sejam mais inclusivos. Juntos somos fortes… sozinhos somos fracos… ou como disse Aristóteles: “The whole is greater than the sum of its parts.”

 

P.S: Continuo a ser um grande fã da agilidade… e não tenho dúvidas que este é o caminho a seguir.

Your Certification is About to Expire

Esta semana recebi um email da Scrum Alliance (SA) com o título “Your Certification is About to Expire”.

Fui verificar a validade das minhas certificações e reparei que estavam realmente a expirar.

Eu detenho quatro certificações da Scrum Alliance: Certified Scrum Developer (CSD), Certified ScrumMaster (CSM), Certified Scrum Product Owner (CSPO) e Certified Scrum Professional (CSP).

Olhando para o histórico de pagamentos, apercebi-me que sou certificado pela SA desde 2011.

Entre certificações e renovações já gastei mais de 4000 euros.

Todas as certificações foram pagas por mim porque acredito que antes das empresas apostarem nas suas pessoas acho que as pessoas devem apostar em si mesmas. Não quero com isto dizer que as empresas não devem investir nas suas pessoas… mas a verdade é que se nós não investirmos em nós… quem investirá?
Quem deve gerir a nossa carreira? Nós? Ou a nossa empresa? Eu acredito que nós.

Voltando ao assunto deste post… qual é o valor das certificações da SA? Qual é o valor de qualquer certificação de Agile ou Scrum? Qual é o valor de qualquer certificação?
Recordo-me que há algum tempo atrás o PMP (do PMI – Project Management Institute) era muito valorizado… e olhando para os dias de hoje acredito que perdeu muito da sua importância.

Eu acredito que a obtenção de certificações (até um certo ponto) trazem valor às pessoas… mas duvido muito do valor que traz as renovações.
Porque é que eu tenho de pagar 250 dólares de 2 em 2 anos para manter as certificações da SA que tanto me custaram (tempo, dedicação, esforço e dinheiro) obter?
Será que só pagando 250 dólares manterei o conhecimento? Então se não pagar e as deixar expirar? Será que perco todo o conhecimento (acumulado desde 2010/2011) de um dia para o outro?
E não é só a SA que faz isto… o PMI (e tantas outras) também cobra as renovações das suas certificações.

Vou vos dizer o que vou fazer: vou deixar expirar as minhas certificações. Até posso acreditar no valor da obtenção das certificações… mas não acredito na mais-valia de manter os disticos da SA.

Assim sendo, a partir de 18 de Outubro de 2017, deixarei de ser CSP (pelo menos aos olhos da SA).

As restantes certificações também irão expirar, no seu prazo devido, porque não as irei renovar.

Esta decisão não se prende por causa do valor da renovação em si, mas sim por achar abusivo este “esquema” de financiamento através de renovações de certificações.

Duas notas para a Scrum Alliance:
1 – Acho “piada” o CSD, o CSM e o CSPO não estarem abranguidos, até à data, pelos SEUs (Scrum Educational Units). Apenas o CSP está. Isto quer dizer que desde que as pessoas paguem 100 dólares de 2 em 2 anos a Scrum Alliance atesta que as pessoas têm conhecimento de Scrum. Podemos deduzir então que quem tem 100 dólares para pagar à SA tem conhecimentos de Scrum… e quem não tem 100 dólares para pagar não tem conhecimentos de Scrum;
2 – A Scrum.org não expira as suas certificações… fica aqui a dica. 😉

Até para a semana.

Confissões de um ex-Formador

Em tempos dei formação de Agile e de Scrum em algumas empresas, todas bastante diferentes umas das outras: empresas de grande dimensão com as quais interagimos todos os dias como empresas mais pequenas ou até startups.

Comecei por dar formação por ter uma grande paixão por ensinar e obtive , naturalmente, muita satisfação quando o comecei a fazer.

Mas a verdade é que ao fim de uma dezena de formações começou a tornar-se cansativo: sempre a mesma “matéria”, sempre as mesmas perguntas, sempre as mesmas dificuldades, sempre as mesmas suposições, sempre as mesmas dúvidas e sempre as mesmas expectativas, sempre a mesma descrença, sempre a mesma desconfiança.

Não quer dizer que as interações fossem desinteressantes… inicialmente eram estimulantes e esgotavam-me (num bom sentido) devido à intensidade que trazia para as discussões. Mas a verdade é que ao fim de algum tempo, da repetição, da previsibilidade… acabavam por se tornar monótonas… e apenas obtinha motivação pela parte financeira que a formação representava.

Quando comecei a dar formação o dinheiro era a última motivação que tinha em mente: queria mudar o mundo, a forma das empresas trabalharem, a forma das pessoas pensarem… queria espalhar / evangelizar o Agile e o Scrum pois ainda é uma das minhas paixões nos dias de hoje (já lá vão 7 anos de agilismo).

Como formador já experienciei situações menos boas: desde os formando chegarem atrasados, formandos a dormir (literalmente a dormir) durante a formação, formandos a pedirem para terminar a formação mais cedo, formandos com total desinteresse nos conteúdos, formandos contrariados a assistir à formação, etc.

Mas também já experimentei momentos incríveis: feedback excelente da formação (tanto em termos do formador como em termos dos conteúdos), feedback de que pessoas começaram a implementar Scrum nas suas equipas, ex-formandos a falarem comigo para os aconselhar / guiar, almoços de convívio, partilhas / desabafos de como o Scrum era o que era preciso para a empresa melhorar, etc.

Olhando para os aspectos bons e os menos bons… posso dizer que não me arrependo de ter sido formador e se pudesse voltar atrás voltaria a fazer tudo igual.

Também admito que ser formador contribuiu imenso para o meu crescimento profissional e pessoal. Como podem imaginar é bastante desafiante ter de lidar com: pessoas que estão a dormir à nossa frente, pessoas de backgrounds completamente diferentes (algumas delas não eram do ramo informático), pessoas com idades completamente diferentes (algumas pessoas mais novas e outras velhas que eu), pessoas com ar entediado, pessoas com sede de conhecimento, pessoas entusiasmadas, pessoas perguntadoras, pessoas em situação de conflito, pessoas a criticar a sua empresa e a sua situação atual, etc.

Acho que parei quando tive de parar exatamente porque o que nos move não pode ser (principalmente) o dinheiro. O dinheiro não é uma motivação intrínseca e isso fez com que eu me “reformasse” desta atividade.

Duvido que volte a ter vontade / sentir paixão por voltar a ser formador. Contudo não descarto a possibilidade de uma experiencia a lecionar no ensino superior. Acho que seria um desafio diferente e por conseguinte motivador.

Até para a semana.

Agile Portugal 2017 :: Unlearn your CSM

Mais um ano… e mais um Agile Portugal que passou.

Este ano foi a 8 edição (o evento começou em 2010) e voltou pela segunda vez à cidade de Lisboa. A primeira vez que este evento foi organizada em Lisboa foi em 2013 e foi exatamente nesse ano que fui speaker pela primeira vez. Estava longe de imaginar que iria ser speaker também nas 4 edições seguintes.

Apesar de gostar imenso da cidade de Lisboa (vivi na capital cerca de 8 anos) o evento Agile Portugal fica sempre a saber a pouco quando é organizado à beira Tejo. Arrisco-me a dizer que nas duas vezes que o evento foi em Lisboa tivemos cerca de metade da assistência comparando com os eventos organizados no Porto (em Leiria também não tivemos muitas pessoas mas tendo em conta a cidade e o que representou para a Catarina Reis valeu bem a pena ser organizado lá!)… por isso não é de admirar que das primeiras coisas anunciadas no evento deste ano foi que o Agile Portugal voltaria à cidade invicta em 2018.

Em relação ao evento propriamente dito… para além de ter poucas pessoas a assistir… as talks acabaram por não trazer nada de muito novo para a comunidade.

Eu na minha talk “Unlearn your CSM” faço uma análise (fria mas honesta) de como o Scrum está neste momento e o que acho que estamos a fazer de errado (como comunidade) para o Agile e o Scrum não ter bastante mais sucesso do que o observado.

A minha talk foi bastante diferente do normal… onde acabei por expor várias opiniões sentidas por vários membros da comunidade mas que nunca tiveram oportunidade de verbalizar.

unlearn your csm

Podem ver a minha apresentação aqui.

Creio que enquanto comunidade devíamos entrar num período de reflexão (Inspect) antes de tomarmos qualquer acção (Adapt) pois tenho a opinião que a situação do Agile e do Scrum em Portugal não está tão “cor-de-rosa” como as pessoas pensam / dizem… e claramente temos de ajustar o rumo antes que o Agile e o Scrum ganhem uma reputação negativa e seja tudo posto em causa.

Até para a semana.

AGILE CONNECT AVEIRO :: SCRUM: FROM THE BOOKS TO THE REALITY :: VIDEO

Tal como vos tinha dito neste post fui convidado para ser o primeiro speaker do Agile Connect Aveiro.

Depois de ter disponibilizado os slides fica agora também o video.

Espero que gostem visto ser uma talk numa tónica um pouco diferente do habitual. 🙂

Até para a semana.

[Open Source] Trainings

Hoje partilho o material que utilizei até hoje para dar formação em Agile e Scrum.

Já partilhei anteriormente:

Em relação aos trainings utilizei as seguintes apresentações:

E mostrava os seguintes videos:

Nas 10 apresentações que aqui disponibilizo tenham sff em consideração que foram elaboradas em anos diferentes com graus de conhecimento diferentes… por isso é natural que vejam temas ou repetidos ou que não concordem com a sua abordagem. 🙂

Com este post termino a disponibilização do meu material para a comunidade (open source).

Espero que vos seja útil.

Até para a semana.